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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Godzilla

O monstro detém o título, mas o filme não é dele.

Adoro quando diretores novos vão pra Hollywood. Fico animado por suas estreias, mesmo quando nunca ouvi falar deles. Quando José Padilha foi confirmado em "Robocop", pulei de alegria e fui correndo assistir ao filme. O resultado foi bom, o quê confirmou minha torcida e me fez sentir orgulho do cara - mesmo que ele não precise disso vindo de mim. Em "Godzilla" (Idem, 2014), na comemoração de 60 anos do monstrengo, Gareth Edwards estreia de verdade em Hollywood. Logo, fiquei animado por isso. Ainda mais por ser um filme do maior monstro da cultura pop de todos os tempos. E, quando não tinha mais pelo quê se empolgar, veio aquele primeiro trailer, focando mais nos personagens humanos e mostrando apenas relances de Gojira. Só que o filme estreou, eu assisti e realmente... só vi relances do monstro.
Há 15 anos, o Dr. Serizawa (Ken Watanabe, que deu azar de ter pego um personagem tão ruim) fez uma grande descoberta. Literalmente. Porém, tal achado fugiu antes que algo pudesse ser feito. Tempos depois, um terremoto fez com que Joe Brody (Bryan Cranston), um engenheiro de uma usina nuclear, perdesse sua esposa num acidente. O tempo passou. Seu filho, Ford (o Kick-Ass Aaron Taylor-Johnson) cresceu e superou as perdas, Joe não. E as descobertas foram tapadas, como sempre. Até que, num frenesi de coincidências, nos vemos finalmente no meio de monstros gigantes. Mas, não. Não é o do título.
São os chamados MUTOs. Um deles, referência a Mothra (famoso rival das antigas aventuras do nosso lagartão). Seres que lembram insetos, mas que não botam medo. É na revelação deles que os problemas começam a se revelar.
As atuações, que já não estavam boas, parecem piores já que, por mais estranho que soa, ninguém se assusta com um grilo do mal de 100 metros de altura. Não choram, ou gritam, ou piram, ou ficam atônitos. Eu pararia pra assistir, mas meu irmão desmaiaria, se fosse real. As reações não são nada reais e isso não ajuda a criar o tal drama familiar proposto no início. Ouviu, Sally Hawkins?
MUITOS erros de continuidade chegam a incomodar demais; a trilha sonora é MUITO RUIM, sem ter um tema de peso; e o pior de tudo. NÃO TEM GODZILLA!
Obviamente, ele está no filme. Mas os MUTOs tiram todo o seu brilho - que, apesar do novo e incrível visual, é pequeno -. São os primeiros a aparecerem, os únicos que transferem medo e senso de ameaça (digo, deveriam transmitir) para o público e ocupam muito mais tempo de tela que o Godzilla. Isso em cenas em que ele poderia muito bem ter sido encaixado, como a da ponte, e em momentos curtos que poderiam ter sido estendidos, como sua primeira aparição. Isso é extremamente frustante. É como ir assistir ao filme do Batman em que a protagonista é a Mulher-Gato da Halle Berry. É o quê faz com que tudo se construiu se perca.
Se quisessem manter os outros monstrengos, diminuíssem o drama. Se quisessem os chororôs, tirassem um pouco do peso dos monstrinhos insectóides. Se quisessem fazer um remake de Godzilla, botassem o Godzilla.

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