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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Noé

Darren Aronofsky fez... fez... Esquece, não consigo descrever.

Quando assisti ao primeiro trailer de "Noé" (Noah, 2014) logo pensei que estaria quase tudo nos conformes : o sonho, a arca, os animais e aquela única família unida, só que com um exército humano se rebelando contra a vontade de Deus. Porém, logo nos primeiros minutos de filme temos a certeza de que Darren Aronofsky, o diretor, vai além do quê a bíblia diz, do quê padres e pastores e líderes dizem, do quê outros longas-metragem dizem.... Mais uma vez, ele mexe com todos nós de uma forma que só ele consegue. De críticas ferrenhas às maiores declarações de amor, esse já pode ser chamado de um dos filmes do ano.

Deus está cansado da maldade dos homens. Por isso, vai até o mais puro deles, Noé, e lhe dá uma tarefa : construir uma arca para abrigar todos os inocentes antes que as águas caiam do céu e varram toda a Terra. Porém, quem são os inocentes? Os animais, sim, eles são e lá vão eles adentrando o grande barco. Mas os humanos são todos ruins ou há centelhas de inocência em alguns deles? É Noé realmente bom? Os valores de cada um são testados e isso é muito interessante. A humanidade tem toda a sua essência apresentada em pouco mais de duas horas. Um dos pontos fortes do roteiro é justamente nos forçar a nos ver ali - desde nossos desejos mais simplórios até nosso desprezo por nosso planeta -, o quê rende lindos diálogos e cenas muito bem boladas. E são nelas que vou me focar agora.
Aronosfky é conhecido pelo extremamente perturbador "Cisne Negro", onde usa da obsessão e loucura expressadas em imagens fortes e chocantes para deixar aquela agonia pairando no ar. Agora, ele faz parecido, porém buscando chocar de outra maneira : destruindo sua imagem de divino. Não me entendam mal, pois isso é bom. A ciência sempre foi excluída de filmes bíblicos e Deus sempre foi excluído de filmes de ficção. Em "Noé", tudo está interligado. Tudo no estilo Aronofsky. O quê se fala, não é o quê se vê. Enquanto nosso protagonista nos enche de Deus, a tela se enche de ciência e história.  O quê pode causar um pouco de confusão na mente dos religiosos mais fervorosos, mas que é um prato cheio para quem tem a mente mais aberta e livre de verdades absolutas e preconceitos. É o ponto alto de todo o longa-metragem : unir o quê ninguém consegue unir de forma correta e concisa e sem deixar nada de lado. Tão infiel e tão fiel às escrituras que fica difícil explicar sem dar spoilers.
As atuações não decepcionam. Jennifer Connelly e Emma Watson dão um show e Russell Crowe é o herói definitivo. E o vilão? Não vou nem comentar.
O lado técnico está tão incrível quanto tudo isso. O quê "Gravidade" foi no ano passado, "Noé" foi esse ano. Cada efeito visual é impecável, com destaque para os animais e também um certo 'elemento surpresa' acrescentado à história para dar um clima Hollywoodiano maior. O figurino, mesmo contraditório, ainda assim é lindo. Fotografia então.... Arrisco de dizer que alguns prêmios de uma certa Academia aí irão vir aos montes.
"Noé" é um espelho que reflete o ser humano. Não importa se há 5 mil anos ou agora, somos nós e não vamos mudar tão cedo. Um emaranhado de emoções e características que só nós, os homens, temos e que só nós podemos usar ao nosso favor. O problema é que usamos para o nosso mal. Nos destruímos, nos matamos. Onde vamos parar com tanto ódio desnecessário em nossos corações? Precisamos lembrar do quê nos mantém vivos : a compaixão. Divina ou não, é por ela que estamos aqui. O ódio não leva a nada. A esse ponto em que estamos, já deveríamos saber. Espero que após assistir ao filme, seu pensamento comece a mudar. Se Deus quiser.

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